Funções Holomorfas
Os Teoremas de Isomorfismo tratam-se de importantíssimos resultados acerca de morfismos sobre estruturas quociente, com inesgotáveis aplicações e consequências na matemática.
Na presente postagem, abordarei o mais importante (com efeito, os demais são consequências dele),
O Primeiro Teorema do Isomorfismo, no âmbito dos Módulos, para que possamos, de maneira natural, enunciar o resultado para Espaços Vetoriais.
Antes, é claro, precisamos realizar o trabalho sujo, não?
Vamos definir propriamente os conceitos de módulo sobre um anel, submódulo, módulo quociente e morfismos entre módulos (homomorfismos e isomorfismos).
Convém mencionar que anéis e módulos são, em geral, estruturas muito mais problemáticas do que corpos e espaços vetoriais. De fato, não exigimos que um anel seja comutativo e tampouco tenha uma unidade, ao passo que isso é translúcido para corpos.
De maneira análoga, é conhecido o resultado de que qualquer espaço vetorial admite uma base, ainda que possa ser impossível exibir explicitamente tal base ( como espaço vetorial sobre
), consequência do Lema de Zorn. Todavia, algo assustador ocorre com os módulos: nem todos admitem base, no sentido usual da Álgebra Linear (bases de Hamel).
Embora tudo isso soe deveras desanimador, o que nos reconforta é que os teoremas de isomorfismo independem de bases. De fato, tais teoremas são válidos no sentido da Álgebra Universal, que dispensa quaisquer estruturas intrínsecas a alguma Álgebra em específico.
Voltemos ao assunto da postagem. Comecemos definindo o que vem a ser um módulo sobre um anel:
Definição (Módulo Sobre um Anel). Sejam e
um anel.
…
O Teorema de Picard-Lindelöf
No post anterior, foi demonstrado o Teorema do Ponto Fixo de Banach, que garante a existência e unicidade de pontos fixos para contrações em espaços métricos completos. Agora, façamos uso desse resultado para demonstrarmos o célebre Teorema de Picard-Lindelöf (ou Cauchy-Picard), que estabelece a existência e unicidade para Problemas de Valor Inicial:
(Picard – Lindelöf) Fixemos qualquer norma em
, e sejam
,
,
e
.
Seja , em que
denota a bola fechada de centro
e raio
, lipschitziana na seguna variável, ou seja,
, para algum
e para todos
e
. Dessa forma, o PVI
admite uma única solução , para algum
.
Demonstração: Sendo contínua, sabemos que ela é limitada.
Definamos, então, , e coloquemos
, o que ficará claro logo mais.
Consideremos o conjunto das funções contínuas do tipo
, na métrica
.
Utilizaremos o resultado de que um subconjunto fechado de um espaço métrico completo também é completo no que segue, de forma que é completo. Seja, então, o operador
.
Sabemos, do Teorema Fundamental do Cálculo, que é uma aplicação uniformemente contínua, para todo
. Com isso, para
, temos
, o que verifica que
.
Agora, para verificarmos que é contração, temos, para
, que
.
Dessa forma, cumpre-se que e
é contração.
Enfim, pelo Teorema do Ponto Fixo de Banach, admite um único ponto fixo
para o qual
, como queríamos. □
Referências:
Fundamentos de Análise Funcional, de Botelho, Pellegrino e Teixeira,
Equações Diferenciais Ordinárias, de Claus Ivo Doering e Artur Oscar Lopes,
e Espaços Métricos, de Elon Lages Lima.
Consideremos um espaço métrico , completo, e seja
uma aplicação.
Chamamos de contração quando existir
tal que
, para quaisquer
. Observemos que contrações são Lipschitzianas e, portanto, contínuas no sentido clássico.
Desejamos investigar a existência de pontos fixos para , ou seja, a existência de algum
para o qual
, e também indagar sobre questões de unicidade. Pois bem, o resultado que responde tais questionamentos é o que dá nome a postagem.
Creditado a Stefan Banach, o teorema estabelece que contrações admitem um, e apenas um, ponto fixo. Além disso, dado qualquer , o processo iterativo
, converge para
:
, sendo
o ponto fixo de interesse.
Provemos, então, o teorema, para que na próxima postagem possamos apresentar uma aplicação na resolução de um PVI.
Como na maioria das vezes, a unicidade é muito mais fácil de ser demonstrada, sendo, portanto, relegada para o final.
Sendo uma contração, sabemos que existe
para o qual
. Sendo
arbitrário, definamos a sequência
,
, de forma que é suficiente provarmos que
é uma sequência de Cauchy, já que
é completo.
Observemos o seguinte:,
,
,
…
Em geral, verifica-se por indução que (I).
Agora, para , podemos reescrever a (I) acima, por intermédio da desigualdade triangular (
, para quaisquer
), como
.
Agora, como , em virtude da convergência da série geométrica,
, podemos escrever
, pois
.
Como torna-se arbitrariamente pequeno, dado
qualquer, existe
para o qual
sempre que
, o que verifica que
é de Cauchy.
Enfim, pela completude de , colocamos
, de forma que, pela continuidade de
,
temos .
Fica, dessa forma, demonstrada a existência de um ponto fixo para
.
Para a unicidade, suponha que é outro ponto fixo de
, de forma que
nos dá
, i.e.,
, o que resulta em
pois
, e segue o resultado. □
Para aplicações do teorema, podem ser úteis os livros
Fundamentos de Análise Funcional, dos autores Botelho, Pellegrino e Teixeira,
Introdução à Análise Funcional, de César R. de Oliveira, bem como
Postmodern Analysis, de Jost, e Aplicações da Topologia à Análise,
de Chaim S. Honig.
Olá! O principal motivo por trás desse site é compartilhar certos resultados em matemática que considero belos e interessantes (confesso que é também para que eu possa me lembrar deles mais facilmente…).
Tais resultados podem ser teoremas grandes, curiosidades ou até mesmo questões, e tentarei sempre que possível tornar a leitura o mais agradável e acessível possível, poupando quem estiver lendo de tecnicalidades desnecessárias.
É importante ressaltar que o rigor matemático é absolutamente fundamental, e assim será feito nesse site, mas certos detalhes sórdidos de demonstrações serão porventura omitidos, para que a leitura não se torne maçante. Sempre que isso ocorrer, farei referência a alguma bibliografia que aborde o assunto em pauta com mais detalhes.
Além disso, buscarei fazer, com certa frequência, postagens exclusivamente com o intuito de indicar livros de um determinado assunto, tecendo alguns breves comentários sobre as obras citadas.
As postagens diretamente relacionadas à matemática ficarão na categoria Matemática em Geral.
Na categoria Textos Autorais, irei compartilhar certos documentos em matemática escritos por mim, como algumas notas de estudo individuais, listas de exercícios e afins, e até mesmo, futuramente, coisas relacionadas especificiamente ao LaTeX, como templates e preâmbulos autossuficientes.
Assuntos não-matemáticos serão relegados à categoria Perfumarias; no momento, não faço ideia do que postar nessa categoria, mas vou deixar ela aqui por enquanto…
Espero que a sua experiência nesse site seja proveitosa e agradável, agradeço a visita e volte sempre! 😀